domingo, 15 de novembro de 2009

SAUDADE E LEMBRANÇA.

Podem parecer sinônimos.
Idéia igual, mas diferente no sentir.
Lembrança é da Memória,
Saudade é da Alma.
Muitas lembranças, poucas saudades...
Lembranças surgem com um cheiro, uma
música, uma palavra...

Saudade surge sozinha, emerge do fundo
do peito onde é guardada com carinho.
Lembrança pode ser boa, mas quando não é,
pode-se afastá-la.
Convocando outra lembrança ou convocando
outro pensamento para o lugar, ligando a TV
ou lendo o jornal.

Saudade é sempre boa, mesmo quando dói
e não se apaga mesmo que outra pessoa tente
ocupar o lugar vazio.
Ela pode coexistir com um novo amor, sem
machucá-lo.

Lembrança é de algo real, de um lugar, de uma
época, uma pessoa.
Saudade pode ser do que não houve, de uma
possibilidade, de lábios jamais tocados.

Lembrança pode ser contada, medida, localizada,
e com algum esforço, pode até ser calculada com
uma fórmula matemática, ao gosto dos engenheiros.

Saudade é dos poetas, é pautadas em rimas e melodias;
vontade de ver outra pessoa, segundo os poetas, teria
outro nome, seria uma saudade com tempero, eu acho.

Lembrança pode ser sem som, pode não doer.
Saudade jamais é sem som.
Se ela não vier com música de fundo, a gente coloca,
só para ficar mais bonita, mais gostosa de sentir, para
preencher mais a alma vazia.

Lembrança vence a morte, mas conforma-se com a
ausência, respeita convenções.
Lembrança aceita o nosso comando, vai e volta quando
queremos.
Saudade é irreverente, independente e auto suficiente.


(Solange Gouvêa).

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