sábado, 26 de dezembro de 2009

As Aparências Enganam..


Num orfanato, igual a tantos outros que enxameiam por toda parte, havia uma pobre órfã, de oito anos de idade.
Era uma criança lamentavelmente sem encantos, de maneiras desagradáveis, evitada pelas outras, e francamente malquista pelos professores.
Por essa razão, a pobrezinha vivia no maior isolamento.
Ninguém para brincar, ninguém para conversar...
Sem carinho, sem afeto, sem esperança...
Sua única companheira era a solidão.
O Diretor do orfanato aguardava ansioso uma desculpa legítima para livrar-se dela.
E um dia apresentou-se, aparentemente, uma boa desculpa.
A companheira de quarto da menina informou que ela estava mantendo correspondência com alguém de fora do orfanato, o que era terminantemente proibido.
Agora mesmo, disse a informante, ela escondeu um papel numa árvore.
O Diretor e seu assistente mal puderam esconder a satisfação que a denúncia lhes causara.
Vamos tirar isso a limpo agora mesmo, disse o superior.
E, somando-se ao assistente, pediu para que a testemunha do delito os acompanhasse a fim de lhes mostrar a prova do crime.
Dirigiram-se os três, a passos rápidos, em direção à árvore na qual estava colocada a mensagem.
De fato, lá estava um papel delicadamente colocado entre os ramos.
O Diretor desdobrou, ansioso, o bilhete, esperando encontrar ali a prova de que necessitava para livrar-se daquela criança tão desagradável aos seus olhos.
Todavia, para seu desapontamento e remorso, no pedaço de papel um tanto amassado, pôde ler a seguinte mensagem:
A qualquer pessoa que encontrar este papel:
Eu gosto de você.
Os três investigadores ficaram tão decepcionados quanto surpresos com o que leram.
Decepcionados porque perderam a oportunidade de livrar-se da menina indesejável, e surpresos porque perceberam que ela era menos má do que eles próprios.
* * *
Quantos de nós costumamos julgar as pessoas pelas aparências, embora saibamos que estas são enganadoras.
E o pior é que, se as aparências não nos agradam, marcamos a pessoa e nos prevenimos contra ela e suas atitudes.
Uma antiga e sábia oração dos índios Sioux roga a Deus o auxílio para nunca julgar o próximo antes de ter andado sete dias com as suas sandálias.
Isto quer dizer que, antes de criticar, julgar e condenar uma pessoa, devemos nos colocar no seu lugar e entender os seus sentimentos mais profundos.
Aqueles que talvez ela queira esconder de si mesma, para proteger-se dos sofrimentos que a sua lembrança lhe causaria.

* * *
Nenhuma pessoa é essencialmente má.
Isso porque todos nós temos, na intimidade, a centelha divina que é o amor em gérmen.
Assim sendo, potencialmente todos somos bons, basta que nos esforcemos para fazer brilhar essa chama sagrada depositada em nós pelo Criador.
Jesus conhecia essa realidade, por isso afirmou:
Vós sois deuses e noutra oportunidade insistiu: Brilhe a vossa luz.

*

"Oração dos Índios Sioux"

Grande Espírito, cuja voz ouço cantar, cujo alento
vivifica o mundo todo, escuta-me!
Eu venho em frente a Ti, como
um dos teus inúmeros filhos.
Olha-me!
Necessito da Tua força e sabedoria.
Permita-me caminhar olhando
a beleza da natureza,
permita que as minhas mãos honrem
sempre as Tuas obras e que os meus
ouvidos escutem a Tua voz.
Faz de mim um sábio para compreender
aquilo que Tu mostraste ao meu povo:
O ensinamento que Tu escondeste
em cada folha e pedra.
Quero ser forte, não para ser
superior ao meu irmão,
mas para vencer o meu maior inimigo:
Eu mesmo.
Faz com que eu esteja pronto para chegar
à Tua presença com as mãos limpas,
olhos puros, para que a minha alma,
quando se for, como o sol que se põe,
possa chegar a ti sem envergonhar-se

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